Foto: Reginaldo Coimbra
“Foi meu avô que me disse que foi na Bahia, ele viu na ribeira. Um moleque de uma perna só que pulava, gingava e dava rasteira”. Quem passou pela Praça Santos Dumont na tarde do último sábado (30), não teve como não se emocionar com os cantos que remetem aos nossos ancestrais escravos, muito bem marcados pelo inconfundível som dos atabaques, berimbaus e palmas de mão. Era o Festival da Arte Capoeira, promovido pela Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira (ABADÁ), com o tema ‘Capoeira Social e Especial’, que comemorava o batizado e troca de cordas dos alunos da Apae Búzios, Social Liberdade, e Social Ginga de Zé.
Cerca de cem pessoas, entre jovens, crianças e adultos foram batizadas ou trocaram corda. André Souza tem síndrome de down e faz capoeira há dez anos. “O que mais me atrai é a dança”, conta emocionado ao lado de sua amada Gabriela Souza, também portadora da síndrome, e que, embora não pratique a capoeira, o acompanha e o incentiva.
Vindo de Macaé para a ocasião especial, o graduado Gélson Nascimento, mais conhecido como Bracinho, declara que o mais difícil não é a pessoa que tem uma deficiência se adaptar ao esporte, e sim vencer o preconceito. Ele, que nasceu sem um braço, resolveu não fazer disso uma limitação.
- O meu amor pela capoeira me fez vencer esse obstáculo. O que deve ser vencido, não por nós que somos deficientes, mas por todo brasileiro e todo atleta, é o obstáculo do preconceito. O capoeirista ainda é enxergado como marginal. Melhorou muito de um tempo pra cá, mas ainda não chegamos ao status que a capoeira merece. Ela é uma coisa muito rica, legitimamente brasileira, e nosso povo não dá o devido valor – desabafa o atleta.
Fonte:Jornal Primeira Hora
0 comentários:
Postar um comentário