
Fomos separados de nossas mães precocemente, passamos fome, frio, medo. Vimos alguns de nossos irmãozinhos morrerem, por serem bebês e não agüentarem tantas privações. Estamos sendo cuidados e aguardando por adoção.
Nesta época de natal ouvimos nossa amiga Dra. Lúcia atender a telefonemas de várias pessoas perguntando por filhotes para presentearem seus filhos, mas não sei porque ela sempre responde : ‘Não, só tenho vira-latas’. Em seguida ela desliga e faz uma cara que eu acho que é de tristeza, pois vejo seus olhos cheios d’água. E escuto ela comentar com a Lindinha que é quem nos dá de mamar, ‘eles só querem se for de raça’.
Aí, eu, que sou ainda bebê, fico pensando ‘Qual a diferença entre um animal de raça e um vira-latas? E, por que ninguém nos quer? Olho para meus irmãozinhos e não entendo, somos tão bonitinhos! Podemos fazer tantas pessoas felizes! Podemos fazer-lhes companhia, distrair seus filhos, defendê-los, somos iguais aos de raça, às vezes até mais bonitos, mas não sei por que, vemos o tempo passar, estamos crescendo, perdendo nossa infância em uma gaiola, porque ninguém nos adota! É triste, mas as pessoas, quando vêm aqui na clínica para verem animais para adoção, simplesmente nos ignoram, e só perguntam pelos de raça. A Dra. Lúcia sempre fala que ninguém abandona filhote de raça. Ela diz que quando animais de raça são filhotes, eles são vendidos. Estes animais só são abandonados quando são adultos, porque seus donos são irresponsáveis e os adquiriram sem pensar no futuro. E prejudicam em muito a esses animais que, quando adultos, perdem a chance de serem adotados por alguém que os mereça de verdade, mas não têm condição de pagar tão caro por um animal. Estranho isso, vender animal...e por que uns valem mais que outros? Por que uns são presente de natal, enquanto outros são jogados no lixo? Acho realmente muito injusto!
Eu queria ser um presente de natal. Queria chegar em uma cestinha, com um lacinho no pescoço e ser entregue a uma criança na noite de 24 de dezembro. Para crescermos juntos e sermos amigos para sempre. Será que você pode me ajudar?
Colaborador: Lúcia Elena Simas
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