Secretário reconhece caos na emergência do hospital, mas destaca desempenho do Atendimento Básico Guilherme Azevedo busca mudar visão "hospitalocêntrica" que se tem da Saúde no município
"O atendimento básico, que é obrigação do Município, vai bem, necessitando avançar em alguns setores". É o que o secretário da Saúde, Guilherme Azevedo, afirma, destacando, contudo, que as coisas vão mal, quando se trata da emergência do hospital. ‘Caos’ é o que ele pronuncia, quando fala sobre o que vem se passando na emergência do hospital.
O secretário afirma ainda que a visão ‘hospitalocêntrica’, com ênfase na medicina hospitalar, que predominou na política de Saúde no Município do governo anterior, fez com que as medidas no setor se afastassem do eixo natural, que é o atendimento básico.
Mudança de visão e reestruturação no pessoal
- A rede de atendimento básico, que leva até o cidadão o atendimento, e que se faz através dos módulos de Saúde, ou PSF, cria um verdadeiro cinturão de saúde, e serve também para aliviar a sobrecarga sobre o hospital. Muitas vezes, o paciente busca o hospital, quando o tratamento pode ser dado no módulo de família, ou no posto de saúde. Alguém tem uma diarréia, procura o hospital, quando o posto pode tratar. Alguém sofre um arranhão, e vai parar na emergência do hospital. Isso tudo congestiona o hospital - esclarece Guilherme Azevedo, que ainda acrescenta: - Conto reverter essa situação caótica na saúde hospitalar, e no atendimento de emergência, com uma reestruturação na área de pessoal, mas sobretudo numa revisão do foco na Saúde. As mudanças na área de pessoal já encaminhei ao prefeito, e esse submeteu aos vereadores. A visão de foco virá com maior ênfase no preventivo. Para isso, uma campanha de esclarecimento deve ser feita para orientar o cidadão.
A obrigação do Município é responder pelo atendimento básico, que contempla programas como; Módulo de Saúde; programas de vacinação e procedimentos preventivos; controle de endemias; vigilância sanitária e manutenção de higiene e salubridade do ambiente, essa última cruzando com ações de outras Secretarias, como a de Serviço Público, do Meio Ambiente, de Obras, Saneamento e Habitação e de Planejamento e Orçamento.
- Aliás, saneamento básico, não só preserva o Meio Ambiente, mas também contribui para manter um nível de salubridade e de saúde na Cidade - ressalta o secretário, repetindo que o foco dado ao hospital representou o desmonte de uma rede de saúde em nível de campo.
O secretário lembra que ‘nos governos anteriores de Mirinho havia uma rede operando, levando Saúde até a família, funcionando como um seguro saúde, mas que o secretário Taylor desmontou, situação essa mantida pelos que o sucederam’, disse.
Atualmente, foi retomada a implantação de novos módulos de Família, e o objetivo é chegar a 15, em lugar de apenas os atuais seis.
Guilherme Azevedo volta a falar de introdução de uma gratificação de desempenho, que será oferecida aos médicos, levando em conta metas individuais e metas coletivas, o que comprometerá todo o conjunto de profissionais, tendo como meta a saúde do cidadão.
Os usuários da rede reclamam que nos finais de semana os postos e os módulos de Família não funcionam, o que provoca a busca pelos serviços no hospital.
Faltam parâmetros
para se comparar os serviços públicos de Saúde
Entretanto, a saúde pública em Búzios não encontra parâmetros no setor particular da medicina na Cidade, parâmetros estes que possam servir para avaliar resultados e desempenho.
- É impossível obter uma avaliação do setor saúde pública em termos de desempenho, se formos considerar o setor privado da medicina, porque não há material para referenciar. Ao contrário do que existe nos grandes centros, onde se pode comparar o desempenho entre o setor público e o privado, em Búzios isso é impossível porque praticamente inexiste uma rede privada de atendimento. As informações sobre o quanto de recursos e de atendimentos é feito no particular, são escassas já que este segmento basicamente se ocupa com a prestação de serviços - acentua Guilherme.
Para o secretário, entretanto, se a referência a ser usada para medir a situação de Búzios for a situação da Saúde nos Municípios vizinhos, o que se presta de serviços de saúde em Búzios está bem acima da média. Guilherme destaca a quantidade de pessoas de municípios vizinhos que procuram os serviços da saúde de Búzios. Ainda de acordo com o secretário, o número de prontuários excede em muito o número de habitantes da Cidade.
Guilherme levou recentemente ao prefeito a sugestão de uma série de medidas a serem adotadas na política de pessoal em que ele acredita que se poderá se reverter a situação de caos na emergência do hospital, re enquadrando os serviços para um nível satisfatório.
- A situação de caos, por mim referida, é se tomarmos como referência o padrão D’Or (rede de hospitais classe AAA situada no Rio) - esclarece, acrescentando que com um quadro de pessoal especialmente desenhado para o setor da Saúde pretende iniciar a reestruturação do setor.
Segundo informou o secretário de Planejamento, Ruy Borba, o prefeito Mirinho Braga autorizou que fosse tratado em separado o Plano de Carreira do setor de Saúde, dadas as condições muito especiais dos serviços.
Outro aspecto que, segundo o secretário Guilherme Azevedo, apresenta melhoras é o setor de informatização. Iniciado no período da ex-secretária, Luzia Andrade e em curso nesta gestão, a informatização de todo o sistema de saúde municipal, quando concluída, trará resultados positivos não só no atendimento, mas também na prestação dos serviços.
- Em breve chegaremos ao prontuário eletrônico, que permitirá não só a marcação de consultas, como fazer o acompanhamento médico também. Outra mudança a ser introduzida é o atendimento a ser feito por classificação de risco, que significa dar preferência para os casos mais graves, e não por ordem de chegada. Veja só: haverá casos em que se dará entrada, primeiro, a um caso que seja agudo e que necessite de atendimento imediato - frisa Guilherme Azevedo.
Ruy Borba, que esteve com Guilherme Azevedo durante a reportagem feita na quarta-feira à tarde, pontuou que o setor ainda não encontrou uma estrutura de receitas adequada e ajustada as suas necessidades, e para atender as suas demandas específicas. Borba lembrou que o prefeito Mirinho Braga já propôs que receitas dos ‘royalties’ deveriam ser direcionadas para o setor, inclusive para pagamento dos profissionais aplicados na área.
Município divulga números da dengue e afirma estar longe dos 600 casos divulgados pelo PH
O secretário esclareceu a matéria publicada no PH, na sua última edição, negando que haja 600 casos de dengue confirmados.
- A matéria não foi bem pesquisada e a fonte que passou as informações para a reportagem do jornal, como soube, um agente de saúde, não tinha acesso aos dados corretos, ou, se tinha, não soube analisá-los. Na questão da dengue a matéria deixou de mencionar o índice local de infestação do mosquito transmissor, situado em 1,3%. A Organização Mundial da Saúde estabelece como aceitável até 1%. Isso não quer dizer 1,3% de casos sobre a população. É índice de infestação, ou seja, locais onde existem o mosquito.
Para o secretário de Saúde, Búzios ainda pode ser considerado um oásis entre a epidemia de dengue que assola o Estado e a Região.
Até a 18ª Semana Epidemiológica de 2011 (02 de janeiro a 08 de maio) foram notificados 208 casos suspeitos de dengue no Município de Armação dos Búzios sendo que 13 casos foram descartados até o momento. Desse total considerado (195 casos), 151 casos estão ainda em observação (77%), 43 casos foram confirmados como dengue clássica (22%) e 01 caso classificados como dengue com complicações (número de plaquetas menor que 20mil/mm³) (1%).
- Não temos nenhum óbito suspeito nem confirmado até o momento. Foi notificado apenas 01 caso em Gestante. A variação por sexo corresponde a 103 casos do sexo masculino (53%) e 92 casos do sexo feminino (47%). Dos casos relatados, foram confirmados por critério laboratorial 18 (41%) e confirmados por vínculo clínico epidemiológico 26 (59%) - informou o secretário, que ainda lembra de 1997, como o ano da pior infestação, quando teve que recorrer ao Exército e a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, essa tendo oferecido 100 agentes de Saúde para reforçar a equipe local.
Guilherme fala também das lagoas da Cidade com água doce, que podem ser grandes focos de mosquitos, informando que o prefeito Mirinho determinou fosse acelerada a colocação de peixes nessas bacias, para funcionarem como predadores do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Quanto o UBV, esses têm passado durante o dia, e se examina na Secretaria Estadual da Saúde, de onde vem o produto químico aplicado, a utilização de algo mais letal para o mosquito, que com o tempo adquiriu resistência ao produto hoje usado.
A ocorrência por bairro está exposta no seguinte quadro:
Quadro 1: Total de casos notificados de Dengue no Município de Armação dos Búzios por bairro até a 18ª Semana Epidemiológica.