Acusado de matar Marcelo se contradiz em depoimento
TESTEMUNHAS DE DEFESA FALTAM À AUDIÊNCIA NO CASO DO ARGENTINO MORTO EM BÚZIOS

Após faltar à audiência da semana passada, por ter sido transferido da 118ª DP (Araruama), Carlos Roberto Gomes de Jesus, o ‘Joe’, foi ouvido na última terça-feira (23) no Fórum de Búzios. Ele é réu confesso no assassinato do argentino Marcelo Alejandro Fernández Vilar, ocorrido no dia 27 de fevereiro deste ano, no bairro da Brava. Na audiência desta semana, muito nervoso, o acusado não sustentou a versão apresentada em sua defesa preliminar, de que teria matado Marcelo porque este estaria envolvido em um suposto roubo à sua loja. Nesta audiência, ‘Joe’ afirma que não sabia que o homem a quem ele assassinara com dois tiros pelas costas era Marcelo.
O fato de ‘Joe’ mudar sua estratégia de defesa pode ter se dado pela coerência e esclarecimento de todos os depoimentos das testemunhas de acusação, principalmente o de Maximiliano, prestado há duas semanas. Inicialmente ‘Joe’ tentou incriminar Max, alegando que ele e Marcelo eram cúmplices no suposto roubo à sua loja. Essa versão foi apresentada por ‘Joe’ em sua defesa preliminar, e também em um telefonema feito ao Jornal Primeira Hora, (reportado ao delegado Mario Lamblet) quando ele ainda se encontrava foragido em São Paulo, onde foi preso com uma arma de fogo, praticando assaltos.
Em seu telefonema ao PH, ‘Joe’ afirmou que Marcelo já estava com passagens compradas para o nordeste, para fugir após ter roubado sua loja. Na verdade, de acordo com depoimentos da família, as passagens que estavam compradas eram para a Argentina, pois Fiorella, a namorada de Marcelo, havia o convencido de retornarem à terra natal para, juntos, concluírem a faculdade de arquitetura.
Em seus depoimentos, tanto Max quanto Fiorella afirmam o que ‘Joe’ nega: eles haviam ido com Marcelo à casa de ‘Joe’ cobrar-lhe os ingressos para o Sambódromo (‘Joe’ prometera lhes entregar, o que não fora feito), ou pegar de volta os R$200. Na versão de ‘Joe’, o episódio dos ingressos de carnaval, simplesmente não existiu.
Júri Popular, em Búzios, não condena há cinco anos
Há duas semanas, a Defensoria Pública havia anunciado a apresentação de duas testemunhas favoráveis à versão de ‘Joe’, mas, fontes afirmaram que ambas nem sequer teriam sido arroladas ao processo. A Defensoria Pública agasalha a tese de Legítima Defesa, enquanto a Promotoria enquadra o crime como tendo sido praticado por motivo torpe.
Em cinco anos, o Júri Popular,
em Búzios, fez apenas uma condenação por homicídio. Esta, no entanto, foi suspensa pela Justiça. A esperança da família de Marcelo é que ‘Joe’ pegue pena máxima, devido a crueldade do crime, e ao fato do assassino ter fugido e ser reincidente. Na década de 90, ‘Joe’ matou um homem em um Shopping Center, além de ser, para a polícia, o único suspeito no assassinato de Gélson Porcino, na Praia Olho do Boi, em 28 de dezembro do ano passado. Gelson tinha um comércio na praia e ‘Joe’ fazia a travessia das pessoas, de barco; eles se desentenderam pouco antes de Gelson ser encontrado morto com dois tiros no abdômen. Os exames de balística ainda não foram concluídos. Quanto ao crime na Brava, a mobilização na Argentina para a condenação de ‘Joe’ acontece quase todos os dias, com passeatas, faixas, cartazes, e declarações da família à imprensa. O apoio do governo argentino à condenação é total.
Acusado de roubo é ouvido Tablóide divulga nome de menor
No mesmo dia em que ‘Joe’ foi ouvido, o adolescente R.O.S. também prestou depoimento no Fórum de Búzios, por ter participado de um roubo à uma casa no Bosque de Geribá, no último dia 21 de julho. No entanto, o adolescente terá que deixar o Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador, na semana que vem, e vir a Búzios novamente. É que do seu interrogatório não participou a Defensoria Pública. Nos corredores, família e amigos do rapaz estavam revoltados com o Jornal Peru Molhado e dizendo processá-lo, por ter publicado, na semana passada, o nome de um adolescente de 15 anos, preso por tráfico de drogas. O fato do jornal ter cometido esse crime (violação da privacidade de um menor) se deu porque os ‘jornalistas’ do Peru Molhado publicam sem ler as notas que a PM manda pra eles.